quarta-feira, 24 de junho de 2009

DESCONEXOS

Fabiana Borgia lança seu segundo livro de poesias

Na capa vermelho-vinho, o desenho de uma mulher sem rosto, sem traços, nua e partida ao meio. O segundo livro de poesias da advogada, Tenente da Força Aérea e escritora, Fabiana Borgia, chama-se Desconexos e foi lançado pela editora Íbis Libris.

O primeiro livro, Traços de Personalidade, trazia na capa a imagem da autora de perfil em alguma praia do Rio de Janeiro. Com a saudação “Namastê” tatuada nas costas, ela é incansável e, mesmo assim, na contra-capa de Desconexos, confessa: “eu trabalho como quem paga penitência. E eu só quero poesia: minha forma de rezar”.

Em entrevista para o blog Tudo tem história, Fabiana surpreende pelas palavras maduras, sem sufocar o lado romântico e intenso de se saber poeta.


Conecte-se e conheça um pouco do que Fabiana tem a dizer!


Ilustração: Gustavo Saba



Tudo tem história! - Fabiana, esse é seu segundo livro. Conte-nos: qual a diferença entre eles?
Fabiana Borgia - O primeiro livro foi uma coletânea de poemas que escrevi na adolescência. Os sentimentos eram confusos, as paixões intensas, uma entrega um tanto infantil. Por outro lado, revela uma pureza, ingenuidade, sempre trazendo o conflito, sua solução, o retorno ao conflito e uma nova busca. Já o segundo livro surgiu numa fase madura, a coisa rola mais solta... O cerne é sempre a liberdade, o amor, a dor da perda, a superação, do jeito que a vida impõe. E a maturidade está em reconhecer que a vida nos escolhe. Não somos tão donos assim de nossas escolhas. Muito menos de nossas tão chamadas verdades.



O prefácio do primeiro livro foi de Jaime Leitão. Por quê?
Tenho muito orgulho de ter sido aluna do Jaime. Tive aula com ele durante o ensino médio. Além de sua experiência profissional, o Jaime tem toda uma simplicidade e um modo peculiar de enxergar o mundo. Adoro seu trabalho, a forma como escreve e reconheço em sua pessoa muita transparência e honestidade. Como professor, ele sempre me incentivou. E para quem gosta de escrever, como sempre foi o meu caso, era mais do que necessário que alguém entendesse o meu mundo. E ele o compreendeu sem precisar me questionar a respeito.



Entre o primeiro e o segundo livro, qual a diferença na repercussão? O que você sentiu em relação aos leitores?
Percebo que meus livros agradam tanto as pessoas que gostam de poesia, como aquelas que não se identificam com a arte poética. Acredito que a poesia esteja em tudo. Depende apenas da forma como enxergamos o mundo. Isso está presente nos dois livros. Entretanto, noto que o primeiro livro continua agradando mais aos adolescentes. Já o segundo atingiu mais o público adulto. Justamente por ser algo mais direto, invasivo, ao mesmo tempo trazendo implícitos os "achados e perdidos" de Clarice Lispector. Meu segundo livro é isso: um apanhado de achados e perdidos, como todos os sentimentos que nos acompanham ao longo da vida. O nome só poderia ser mesmo "Desconexos".



Qual o perfil dos seus leitores?
A poesia ainda não atinge o nível esperado no Brasil. Mas no Rio de Janeiro ela é extremamente viva. Foi no Rio que consegui um espaço grande para a poesia. Participei de vários eventos poéticos, como o Dizer Poesia, o Poemashow, o Conversa Portátil (acontecia no Casarão do Austregésilo de Athayde), a República dos Poetas e vários outros. Inclusive, produzi um evento poético e musical, chamado "Voos livres: música, verso e prosa", em que participaram Tavinho Paes, Ricardo Ruiz (fez o prefácio do meu livro "Desconexos"), Lidoka (Frenética), Bayard Tonelli, Leprevoest, Gladis Lacerda, o saudoso Reynaldo Sanches, Gutman e Luiz Poeta, pessoas consagradas na poesia do Rio de Janeiro. Aliás, o Rio é considerado a Cidade da Poesia. Por isso, hoje, posso dizer que no meu público estão artistas. Quando menciono a palavra "artistas", falo de músicos, pintores, compositores e poetas.

Você escreve para quem? Eu escrevo para me libertar. E escrevo para quem quer ler. Acredito que todos tenham sede de liberdade. E liberdade é buscar algum sentido para nossa existência. Só não é religião, porque nesta você tem uma doutrina. Já a poesia lhe confere a liberdade. Liberdade de ser quem se é. E até aquilo que não é. A poesia ensina a buscar a si mesmo. Pertence ao indivíduo. E cada um a entende de um jeito.




Em sua opinião, a exposição dos sentimentos na poesia é algo inevitável?
Acredito que a vida exige a exposição de sentimentos. Leia-se: expor sentimentos não é o mesmo que gritá-los numa praça pública, querendo ser ouvido. Não. O ser humano necessita do outro. O "eu" existe por conta de um "você". E isso é relação. Não somos sozinhos. Demonstrar sentimentos faz parte de uma interação com o outro e com o universo. Já houve pessoas que perguntaram se eu sinto exatamente o que está escrito. Por exemplo: fica difícil de explicar para as pessoas que eu posso escrever sobre depressão, mergulhar neste universo, sem ser ou estar depressiva. Sinto o que escrevo, mas não preciso me encaixar naquele e
stado. A arte poética não pode ser interpretada ao pé da letra.

Você é rio-clarense, correto? Morar no Rio de Janeiro, uma cidade tão alegre e cultural, colabora para sua expressividade artística? Como?
Sou rio-clarense. Tenho uma ligação forte com a cidade, pois tenho família em Rio Claro. Além disso, tive minha infância e minha adolescência em Rio Claro. Ou seja, a base de minha formação está lá. Se hoje carrego o meu edifício, devo isso ao alicerce que a mim foi dado em Rio Claro. Morar no Rio de Janeiro é bom. Gosto do clima. Gosto da praia. Gosto da leveza. Por outro lado, estou falando do aspecto bom do Rio de Janeiro. Não amenizo os problemas que existem no Rio. No Rio eu percebi a poesia com mais clareza, mas também porque encontrei uma realidade forte. Quando as pessoas pensam no Rio, pensam de um modo muito romântico. Concordo que o Rio seja romântico. Concordo que vemos a poesia de Vinicius, de Drummond e de muitos outros. Mas o Rio é muito mais do que isso. Com coisas boas e ruins.


Rio Claro participa de sua vida literária de alguma maneira?
Como falei anteriormente, foi em Rio Claro que consegui meu primeiro tijolo. E o primeiro tijolo a gente nunca esquece.



Como a leitura, a poesia e a literatura entraram em sua vida?
Como alimento para a alma. Não faço parte do grupo de pessoas que quer apenas sobreviver, achando que a vida é só isso: trabalhar, pagar as contas, chegar em casa e ter família. Algumas pessoas nem têm isso. Enfim, ter esta rotina, este cotidiano, é bom e saudável. Mas não basta. É preciso colocar amor em cada um destes itens. Desta forma, enxergo a leitura, a poesia e a literatura como o tempero que dá cheiro, cor e gosto à comida.

Quais suas influências literárias?
Não gosto muito da palavra "influências". Isso porque depende da época em que você se encontra com determinado escritor. Por isso, um livro vale a pena ser lido mais de uma vez. Mas os preferidos são: Machado de Assis, Graciliano Ramos, Drummond, Bandeira, Vinicius, Adélia Prado, Rubem Alves, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Jostein Gaarder, Philip Roth, Oscar Wilde, Tolkien, Dostoiéviski e vários outros. Mas a preferida mesmo sempre vai ser Clarice.


Dos novos autores, quem você mais lê?
Entendo por novos autores pessoas que estão realmente no início. Eu sou uma nova autora. Não conheço alguém que esteja iniciando, embora haja muitas pessoas na mesma situação que eu. Conheço sim autores contemporâneos, que produzem obras fantásticas, mas que já estão consagrados há tempos: Pedro Lage (fez a orelha do meu livro "Desconexos" e é autor de vários livros, entre eles "Cal do Cosmos"), Thereza Christina Rocque da Motta (minha editora do "Desconexos", com vários livros publicados), Viviane Mosé (meu livro preferido dela é "Receita para
lavar palavra suja"), Lya Luft (meus preferidos são os livros: "Secreta Mirada" e "Para não dizer adeus").


Pensa em publicar mais livros de poesia?
Penso em publicar livros. Acredito que o próximo seja de crônicas. Tenho um romance, intitulado "Pássaros, Girassóis e Janelas" e alguns de crônicas, entre eles "Novas Antiguidades". Já sairam do forno, mas ainda estão quentes. Enquanto isso, escrevo em alguns blogs:
www.fabianaborgia.blogspot.com
www.novasantiguidades.blogspot.com
www.fabianaborgia2.blogspot.com


Ping-pong!

Música: a que me dominar

Televisão: só para ver notícias
Cinema: Woody Allen
Internet: possibilidade
Livro: memória viva
Família: minha maior alegria
Amor: "A menina e o pássaro encantado", de Rubem Alves
Mar: liberdade
Lealdade: a virtude das virtudes
Sociedade: necessidade
Perfume: o cheiro de quem a gente ama
Cor: viva
Viagem: a que ainda não fiz
Sonho: viver da arte e ser colunista
Pesadelo: traição
Futuro: a Deus pertence
Passado: fotografia
Presente: existir
Indiferença: se é indiferente...
Altruísmo: estender a mão a quem precisa
Manias: fazer o sinal da cruz antes de dormir e ao acordar
Felicidade: comer pão quentinho de manhã com manteiga derretida
Astrologia: taurina com ascedente em peixes
Um poeta e uma poesia: Adélia Prado ("O que a memória ama fica eterno")

segunda-feira, 22 de junho de 2009

FLIP :

Festa Literária Internacional de Paraty/RJ
De 1 a 5 de julho:
(desta vez com programação exclusiva para adolescentes!)
Foto: Sergio Arevalo

sexta-feira, 12 de junho de 2009



"Toda bêbada canta"
.
Sílvia Machete prova que é possível assobiar e chupar cana ao mesmo tempo




Por Giselle Marques

Ela fez bolinhas de sabão no programa “Todo Seu” do Ronnie Von, brincou com uma banana mágica no "Programa do Jô", teve o dedão do pé chupado pelo Wando, enrola um baseado de orégano durante suas apresentações, e carrega uma pomba branca e artesanal na cabeça! Nas letras das canções, a cantora e compositora Silvia Machete diz que não é nenhuma santa, que não tem namorado porque só pensa em estudar, e agora a música “Simplesmente Mulher” está na novela das sete da Rede Globo, tema da personagem da atriz Maria Zilda.

Em entrevista para este blog, Silvia conta alguns detalhes de sua vida pessoal e suas preferências culturais. Leitora de Nelson Rodrigues e adepta da fidelidade amorosa, é no palco - "seu habitat natural" - que ela solta seu talento!

Foto: Artur Nobre



Por que uma pomba branca na cabeça? De qual material é feito?
Porque não tinha flor. Ela é feita de isopor por dentro, um tipo de material branco, gliter, e bolinhas vermelhas nos olhos.

Onde nasceu? Quando? Que horas? Que dia da semana?
Em Belo Horizonte. Mas só fui nascer lá. Nunca morei. Dia 27 de março de 1976. Não sei que horas nem dia da semana.

Seus pais são vivos? Tem irmãos?
Meu pai faleceu há 10 anos. Minha mãe é bem viva. Ao mesmo tempo que sou filha única, sou a filha mais velha da minha mãe, a filha mais nova do meu pai e fico bem no meio entre meus dois irmãos mais velhos (Doca e Ivan) e os dois mais novos (Dudu, Juju).

Mora fora do Brasil? Onde e há quanto tempo?
Morei. Paris e Nova York. Fiquei fora 11 anos.

Quais são suas influências musicais?
Muitas. Do Rock ao Clássico.

E suas influências literárias?
Nelson Rodrigues, Manuel Bandeira, Clarice Linspector, Simone de Beauvoir, Drummond, adoro.

De onde vem sua performance e suas inspirações?
De tudo que vejo. Da rua, do circo, da luz. Do feio e do bonito, mas principalmente do bonito e do engraçado.

Qual música seus fãs mais pedem?
Toda bêbada canta, Foi ela, Só quero saber de você.

Qual música você mais gosta de cantar?
Sempre tem uma nova preferida. No momento é “Que bandeira”, do Marcos Valle e “Noite torta”, do Itamar Assunção.

Como é ter uma música na novela das sete? Sua vida mudou depois disso?
Legal pra caramba! Não mudou... mas quem sabe seja um começo!

Como foi ver o Wando chupando o seu dedão do pé? O que você pensa desse fato?
Uma honra. Ele é um homem muito educado, simpático, carismático e muito talentoso. Escreveu musicas que nosso país inteiro sabe cantar. Ele é realmente popular, tenho um enorme respeito por ele. Ele arrasa no palco como ninguém.

Quem são os músicos que te acompanham?
Fabiano Kriger guitarra, Bruno Dilulo baixo, Roberto Silva trombone e Rafael Rocha bateria


Foto: Andrea Marques



Ping-pong:

Homem: engraçado.
Mulher: inteligente.
Sonho: continuar criando sempre e em boa companhia.
Pesadelo: ficar sem voz.
Televisão: quase não vejo.
Livro: Tristes Trópicos (Claude Lévi-Strauss).
Internet: Todos os dias.
Música: “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos...”
Comida: agri-doce.
Bebida: água e vinho.
Fumaça: só a minha.
Sexo: com meu namorado.
Café: preto.
Amigos: saudades.
Amor: só um.
Saudade: amigos.



Para conferir a agenda de shows de Silvia Machete, visite o site:
http://www.silviamachete.com

Se você não pode conferir os shows pelo Brasil e pelo mundo, dê um pulinho no Youtube (http://www.youtube.com) ou no Google (http://www.google.com.br) e digite o nome dessa figura irresistível.



RELEASE
Silvia Machete
/ DVD - Eu não sou nenhuma santa
por Beto Feitosa


Livre, leve e solta. O velho bordão frenético cabe justinho em Silvia Machete. Quem ouviu seu primeiro CD ficou atento; quem assistiu alguma apresentação se surpreendeu; quem chega agora pode se juntar ao (cada vez maior) grupo e provar o DVD Eu não sou nenhuma santa que mostra a cantora em seu habitat natural: o palco.

A caprichada direção de Roberto Oliveira procura ângulos inusitados para uma performance nada convencional. O espetáculo vai além de um show, é uma experiência artística completa que combina música, circo e teatro. Um cabaré divertido comandado por Silvia Machete. Cantora-entretainer-acrobata-pinup com muito jogo de cintura, voz afinada e ótimas tiradas de brinde.

O programa contém cenas de bom humor explícito. Mas vai bem além e a brincadeira é levada a sério quando se fala em música. Silvia canta com graça como uma Celly Campello transviada. É moderna como uma Carmen Miranda pós-tropicalista.

Silvia também compõe. Sucesso imediato, amor à primeira ouvida, tem sido Toda bêbada canta. A biografia não-oficial da Rê Bordosa que está em cada mulher gera identificação imediata. Passa ainda o romantismo divertido de Eu só quero saber de você, a bossa-fora 2 hot 2 be romantic, o flerte de Pé, ou a viagem interplanetária de Bomb of love, que traz mensagens pacifistas.

A moça também sabe pescar peças do repertório alheio e dar a sua cara (à tapa?). A cantora descobre uma delícia oculta da dupla Roberto e Erasmo e faz uma versão acariocada do Guns’n’Roses. Nada é impossível pra ela, que no ramo das descobertas ainda saca um samba de Hervê Cordovil e um drama de Sérgio Sampaio. Com Rubinho Jacobina, em participação especial, conta em samba a história de um gato suicida.

O DVD tem como prato principal um show de Silvia no Na Matta Café, em São Paulo. Mas generosos extras trazem apresentações no Mistura Fina carioca, no Bar Geni e até cenas de acrobacias e números apresentados na rua, primeiro palco de Silvia na temporada em que morou entre a Europa e os EUA.

Silvia Machete, cantora e compositora. Silvia Machete, acrobata e entretainer. Todas essas se encontram no palco, e o mesmo clima do ao vivo está embaladinho no DVD. Mas a teoria fica careta perto dela. Senhora e senhores, hora de apertar o play e tirar suas próprias conclusões. Showtime, Silvia Machete chegou.


terça-feira, 9 de junho de 2009

Noite Mágica em Rio Claro




Noite Mágica
Centro Cultural Roberto Palmari
Rio Claro/SP
11/07/2009 - 21h
Ingressos antecipados - R$ 20,00